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escrevivência...

Escrever para sobreviver, um blog que surge em período de quarentena e que convida todos quantos gostem de escrever a participar, diariamente, em desafios de escrita criativa.

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Escrever para sobreviver, um blog que surge em período de quarentena e que convida todos quantos gostem de escrever a participar, diariamente, em desafios de escrita criativa.

Qui | 30.04.20

Abandonei-me, por Ana Rita Nápoles  

Abandonei-me.

Abandonei-me naquele dia em que o sol se escondeu, e, eu tive de me recolher no meu aconchego…

Para me proteger, para proteger quem amo.

O mundo mudou, e, eu abandonei-me…

Deixei de fazer aquilo que tanto gosto.

Essencial há minha sobrevivência neste universo que está a mudar todos os dias…

Abandonei os abraços calorosos onde não são precisas palavras. 

Abandonei os beijos com sentimento que aconchegam o coração.

Abandonei as caricias naqueles que acham que o amanhã não interessa.

Abandonei aqueles que contam comigo para melhorar o dia de alguém…

Agora apenas relembro com uma lágrima no canto do olho.

Quero voltar a abraçar, a beijar, a acariciar…

 Só assim faz sentido o coração continuar a bater.

Por agora continuo a abandonar-me, por todos nós…

 

Ana Rita Nápoles  

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Qui | 30.04.20

Abandonei-me, por Mafalda Soares Pinho

Abandonei-me. A caminho de mim, a caminho de ti, num vão de
escadas, no mais belo jardim. Deixei-me ficar. Estática, quieta, a
contemplar o nada, debaixo do sol quente, debaixo da chuva que
cai gelada. Vi-te partir. Contigo levaste a minha vontade, em mim
ficou uma lacuna, voltaram as vozes que gritam “será isto amor
ou será antes loucura?”. Abandonei-me. Num nada me tornei
quando deixei de lutar, quando não me permiti ver que foste sem
nunca queres ficar. Mas eu fiquei. Se me perguntares o porquê,
não saberei o que responder, palavras não existem, talvez não
quisesse acreditar que estava a acontecer. E fiquei a ver-te partir.
Nesse momento abandonei-me onde nunca poderei ser
encontrada, abandonei-me, esquecida, perdi-te. Tu no meio do
tudo, eu no meio do nada.

 

Mafalda Soares Pinho

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Qua | 29.04.20

Na minha alma há um balouço, que está sempre a balouçar, por Ana Rita Nápoles

Na minha alma há um baloiço, que está sempre a balouçar

Nas noites quentes de verão

Junto á praia vou passear

A areia acaricia me os pés

Enquanto os olhos cumprimentam o mar

Pelas palavras exprimo o que sinto

Pelos desenhos na areia escrevo com o coração

Aninha Alma baloiço, num vaivém

Em momentos de solidão

Junto a ti estou protegida

Não preciso de balouiçar

Mas quando isso não acontece

O balouço não pára de balouçar

 

Ana Rita Nápoles

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Qua | 29.04.20

Na minha alma há um baloiço, que está sempre a balouçar, por Mafalda Soares Pinho

Na minha alma há um balouço que está sempre a balouçar, no
meu coração existem gaivotas que não param de voar. E eu não sou pessoa, eu sou jardim, sou pouso para anjos, não sou ouro, sou marfim. Sou como quero, como imagino ser, sou apenas sonhadora, sou a vida e o morrer. Dos sonhos faço o mundo e, do mundo, o meu quarto, sou criança, sou menina, sou chama a arder em lume brando. Sou o princípio e o fim de uma história que eu escrevo, sou nuvem, sou estrela, num céu que, por vezes, escureço. Vivo tudo o que a imaginação pode permitir, não há medo nem restrição, vou onde quero ir, não é preciso permissão. Sou como o balouço, irrequieto, no seu sítio, sou a calma, a tempestade, sou apenas como me sinto. Sou a borboleta leve e livre com força para bem alto voar, pois na minha alma há aquele balouço que não pára de balouçar.

Mafalda Soares Pinho

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Ter | 28.04.20

Perdeu o autocarro, começou a chover e chegou aquele maluco, por Ana Rita Nápoles

Seis da manhã saiu de casa apresada, de mala na mão, e, pequeno-almoço na outra.

A paragem é mais à frente, o autocarro está a chegar.

Minutos depois sentada no banco à espera de transporte Armelinda percebeu que se esquecera da lancheira em cima do balção da cozinha.

E agora, não tenho almoço? Bem, sete minutos deve dar para lá ir buscar a correr, talvez o Zé motorista se atrase um bocadinho…

A correr lá foi ela como se não houvesse amanhã, fechou a porta, e, pés a caminho…

Ao virar da esquina, e, com o coração a bater a mil à hora é ultrapassada pelo autocarro.

Sr Zé, sr Zé só um bocadinho, com o braço a acenar, estou a chegar, estou a chegar…

Hooo, não esperou, não estava ninguém na paragem, seguiu sem parar.

 Sorte a minha…

Logo agora de começou a chover a potes!

Cansada com a lancheira mão, mala na outra e sem chapéu-de-chuva.

Chegou à paragem… a pingar, sentou-se no banco sem saber o que fazer…

De olhar vazio e despenteada ali ficou.

Sem dar conta junto a ela pára um táxi, era o tó taxista, aquele maluco, para a socorrer…

E depois de uma manhã atribulada, uma tarde tranquila.

 

Ana Rita Nápoles

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Ter | 28.04.20

Perdeu o autocarro, começou a chover e chegou aquele maluco, por Mafalda Soares Pinho

Perdeu o autocarro, começou a chover e chegou aquele maluco.
Nenhum azar seria maior do que dar de caras com ele, conhecido
por “intruso”. “Anda!”, ele disse, “Não vais ficar aí para amanhã,
o autocarro, eu vi-o a passar, e tu não podes ficar aí, com o frio a
tremelicar”. “Oh intruso, não te metas comigo, deixa-me estar
sossegada e segue o teu caminho”. “Mas, oh menina, e porque
estás tu assim? Estás viva, estás de saúde, só tens motivos para
sorrir. Olha bem, perdeste o autocarro e está a chover a potes, do
nada vês-te a falar comigo, mas, no fundo, estás com sorte. Tens
mais do que meio mundo e talvez o outro meio queira ter o que tu
tens, não enchas o teu coração com raiva nem vejas a vida com
desdém.” O maluco seguiu o seu caminho e a raparica ali ficou, as
palavras que ouviu faziam eco e o seu mundo desmoronou. Ele
sabia bem o que dizia, e soube como falar, afinal não era assim
tão maluco e ela percebeu que na vida não pode haver azar.

 

Mafalda Soares Pinho

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Seg | 27.04.20

Caminhos, por Ana Rita Nápoles

A vida, ai a vida é um embaralhado de caminhos que tentamos deslumbrar…

A cada passo uma imensidão de escolhas a fazer…

Caminhos certos, outros nem por isso.

Em todos eles caminhas com a certeza de chegar a algum lugar.

Depois de algumas caminhadas erradas percebes que estás no caminho certo, quando descobres o que queres fazer até a estrada acabar.

A mim aconteceu-me quando percebi que a profissão que escolhi faz gerar sorrisos e felicidade nos que me rodeiam…

Como é satisfatório trabalhar com idades tão diferentes.

Desde as crianças que estão a construir o seu futuro, até aos idosos que acham que a vida já passou, e, que o amanhã não interessa.

Hoje sei que ser animadora é muito mais que gerar alegria é o modificar mentalidades, atitudes e formas de vida.

É um estado de espirito, é, a minha forma e atitude para a vida. 

É o acreditar que cada dia que nasce é mais uma oportunidade que a vida nos dá para sorrirmos e seguirmos em frente.

É ter capacidade de dar esperança àqueles que já a perderam. É dar instrumentos e estratégias para ultrapassar os obstáculos. É o conseguir ultrapassar os nossos próprios objetivos.

 Não é só uma profissão para fazer rir, vai muito, mas muito para além disso.

É o tentar construir uma sociedade melhor.

É aquela que faz de mim uma pessoa melhor todos os dias nesta caminha que é a vida.

Sou feliz a caminhar assim.

 

Ana Rita Nápoles

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