Escrever para sobreviver, um blog que surge em período de quarentena e que convida todos quantos gostem de escrever a participar, diariamente, em desafios de escrita criativa.
Escrever para sobreviver, um blog que surge em período de quarentena e que convida todos quantos gostem de escrever a participar, diariamente, em desafios de escrita criativa.
Abandonei-me. A caminho de mim, a caminho de ti, num vão de escadas, no mais belo jardim. Deixei-me ficar. Estática, quieta, a contemplar o nada, debaixo do sol quente, debaixo da chuva que cai gelada. Vi-te partir. Contigo levaste a minha vontade, em mim ficou uma lacuna, voltaram as vozes que gritam “será isto amor ou será antes loucura?”. Abandonei-me. Num nada me tornei quando deixei de lutar, quando não me permiti ver que foste sem nunca queres ficar. Mas eu fiquei. Se me perguntares o porquê, não saberei o que responder, palavras não existem, talvez não quisesse acreditar que estava a acontecer. E fiquei a ver-te partir. Nesse momento abandonei-me onde nunca poderei ser encontrada, abandonei-me, esquecida, perdi-te. Tu no meio do tudo, eu no meio do nada.
Na minha alma há um balouço que está sempre a balouçar, no meu coração existem gaivotas que não param de voar. E eu não sou pessoa, eu sou jardim, sou pouso para anjos, não sou ouro, sou marfim. Sou como quero, como imagino ser, sou apenas sonhadora, sou a vida e o morrer. Dos sonhos faço o mundo e, do mundo, o meu quarto, sou criança, sou menina, sou chama a arder em lume brando. Sou o princípio e o fim de uma história que eu escrevo, sou nuvem, sou estrela, num céu que, por vezes, escureço. Vivo tudo o que a imaginação pode permitir, não há medo nem restrição, vou onde quero ir, não é preciso permissão. Sou como o balouço, irrequieto, no seu sítio, sou a calma, a tempestade, sou apenas como me sinto. Sou a borboleta leve e livre com força para bem alto voar, pois na minha alma há aquele balouço que não pára de balouçar.
Perdeu o autocarro, começou a chover e chegou aquele maluco. Nenhum azar seria maior do que dar de caras com ele, conhecido por “intruso”. “Anda!”, ele disse, “Não vais ficar aí para amanhã, o autocarro, eu vi-o a passar, e tu não podes ficar aí, com o frio a tremelicar”. “Oh intruso, não te metas comigo, deixa-me estar sossegada e segue o teu caminho”. “Mas, oh menina, e porque estás tu assim? Estás viva, estás de saúde, só tens motivos para sorrir. Olha bem, perdeste o autocarro e está a chover a potes, do nada vês-te a falar comigo, mas, no fundo, estás com sorte. Tens mais do que meio mundo e talvez o outro meio queira ter o que tu tens, não enchas o teu coração com raiva nem vejas a vida com desdém.” O maluco seguiu o seu caminho e a raparica ali ficou, as palavras que ouviu faziam eco e o seu mundo desmoronou. Ele sabia bem o que dizia, e soube como falar, afinal não era assim tão maluco e ela percebeu que na vida não pode haver azar.
A vida, ai a vida é um embaralhado de caminhos que tentamos deslumbrar…
A cada passo uma imensidão de escolhas a fazer…
Caminhos certos, outros nem por isso.
Em todos eles caminhas com a certeza de chegar a algum lugar.
Depois de algumas caminhadas erradas percebes que estás no caminho certo, quando descobres o que queres fazer até a estrada acabar.
A mim aconteceu-me quando percebi que a profissão que escolhi faz gerar sorrisos e felicidade nos que me rodeiam…
Como é satisfatório trabalhar com idades tão diferentes.
Desde as crianças que estão a construir o seu futuro, até aos idosos que acham que a vida já passou, e, que o amanhã não interessa.
Hoje sei que ser animadora é muito mais que gerar alegria é o modificar mentalidades, atitudes e formas de vida.
É um estado de espirito, é, a minha forma e atitude para a vida.
É o acreditar que cada dia que nasce é mais uma oportunidade que a vida nos dá para sorrirmos e seguirmos em frente.
É ter capacidade de dar esperança àqueles que já a perderam. É dar instrumentos e estratégias para ultrapassar os obstáculos. É o conseguir ultrapassar os nossos próprios objetivos.
Não é só uma profissão para fazer rir, vai muito, mas muito para além disso.
É o tentar construir uma sociedade melhor.
É aquela que faz de mim uma pessoa melhor todos os dias nesta caminha que é a vida.